Talvez você já tenha visto ou vivenciado alguém fazendo contas, durante certo período do mês, tentando encontrar algum dinheiro para chegar ao fim do mesmo. Ou então, esta cena: uma pessoa já mais velha, com muitos anos de trabalho, relatando que ainda não pode pensar em se aposentar ou diminuir seu ritmo de trabalho, pois não guardou o suficiente e com a aposentadoria teria grande diminuição de renda. Por conta disso, mantém-se na ativa, esperando um melhor momento para conseguir se aposentar, ou “até onde aguentar”.

Estes dois exemplos (e tantos outros) são uma pequena demonstração do quanto a falta de educação financeira em nosso país causa sofrimento mental à população e impacta nossa qualidade de vida e capacidade de trabalho. Uma das explicações para tal situação é a dificuldade em conseguir deixar sobrar dinheiro no fim do mês, entretanto, não fomos culturalmente educados para isso, mesmo que tenham ocorrido boas iniciativas (como a obrigatoriedade de ensino de Educação Financeira nas escolas desde 2020 e a democratização de acesso de informações sobre investimentos), nos últimos anos, apenas uma parcela muito reduzida de pessoas realiza investimento, sejam eles em renda fixa ou variável.

Outro fator importante e que conta é o envelhecimento da população brasileira, que vem se acelerando nas últimas décadas, o que “pressiona” os diversos atores sociais – contribuintes, familiares e o poder público – a ter mais capital e investimentos para suprir esse dado.

Ademais, alguns levantamentos apontam que o brasileiro não se prepara para vivenciar o período de aposentadoria, sendo que boa parte pretende depender do valor recebido pelo INSS ou manter-se ativo no mercado de trabalho, conforme dados da pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito Brasil (SPC), de 2018.

Assim, a aposentadoria, que poderia ser um momento de gerar novas perspectivas de vida para a pessoa, acaba por gerar sofrimento físico e psíquico, visto que o nosso organismo não é capaz de responder às demandas impostas pelo trabalho da mesma maneira que no nosso período de vida produtiva. Aliada a essa situação, a dependência em um sistema de previdência pública (INSS) deficitário e com poucas perspectivas de melhoras nos próximos anos também causa insegurança, preocupação e medo nessa fase da vida.

Diante desse cenário, que tal começar agora a organizar sua vida financeira para uma aposentadoria satisfatória? Que tal começar a gastar um tempo do seu presente organizando-se financeiramente, buscar ajuda profissional para identificar pensamentos, crenças e emoções que estejam atrapalhando neste momento e realizar um planejamento financeiro, estabelecendo objetivos, metas e sonhos. Importante também verificar gastos – e ver se são necessários ou supérfluo –, pensar novas formas de obtenção de renda, aprimorar-se profissionalmente, criar uma reserva de emergência para gastos pontuais e procurar conhecer novas formas de investir seu dinheiro. Planejar-se financeiramente hoje pode poupar muitas dores de cabeça no futuro, além de dar maiores chances de concretização de planos e sonhos que você tenha.

Afinal, você pode (e merece) envelhecer com saúde, com qualidade de vida, vivenciando uma aposentadoria que contemple as suas reais necessidades.

Rafael Garcia Morcillo Junior

Consultor em Gestão Financeira e Psicólogo

CRP. 06/95257